Prevenção precoce é a principal medida contra a doença, a segunda mais prevalente na região Sudeste do país
Conforme dados recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca), esse é o momento de dar atenção especial para um dos tipos de cânceres que mais atingem os brasileiros. O relatório da instituição, divulgado no mês de fevereiro de 2020, mostra que há um risco estimado de 19,63 casos novos para 100 mil homens e 19,03 para um grupo de 100 mil mulheres. A estimativa é relativa a cada ano do período entre 2020-2022.
“Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de cólon e reto em homens é o segundo mais incidente nas regiões Sudeste (28,62/100 mil) e Centro-Oeste (15,40/100 mil). Na região Sul (25,11/100 mil), é terceiro tumor mais frequente. Enquanto nas regiões Nordeste (8,91/100 mil) e Norte (5,27/100 mil) ocupa a quarta posição. Para as mulheres, é o segundo mais frequente no Sudeste (26,18/100 mil) e Sul (23,65/100 mil). Nas
Regiões Centro-Oeste (15,24/100 mil), Nordeste (10,79/100 mil) e Norte (6,48/100 mil) é o terceiro mais incidente”, diz o texto divulgado pelo Inca.
O câncer colorretal refere-se aos tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (chamado de cólon) e no reto (parte final do intestino, imediatamente antes do ânus).
Essa área do hospital, inaugurada recentemente, encontra-se equipada com o que há de mais moderno para detecção e remoção desses pólipos. Também conta com uma equipe de especialistas na prevenção do câncer colorretal
e membros titulares da Sociedade Brasileira de Endoscopia. “O Brasil, infelizmente, ainda não entrou no programa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que orienta, em campanhas anuais de larga escala, a necessidade de fazer a prevenção da doença, a exemplo do que já existe com o câncer de mama e o de próstata”, diz a médica.
Em países como a Alemanha e os Estados Unidos, em que a prevenção é feita sistematicamente há cerca de 20 anos, houve uma queda de 30% na incidência desse câncer e também na mortalidade na primeira década. Atualmente, na segunda década de prevenção, conforme explica à médica Adriana, esses países chegaram a quase 80% na redução da incidência do câncer nos pacientes portadores de pólipos adenomatosos, precursores do câncer de intestino.
Primeiro exame deve ser feito a partir dos 50 anos
A primeira colonoscopia deve ser feita a partir dos 50 anos de idade, mesmo sem sintomas. Caso haja antecedentes familiares de câncer colorretal ou pólipos adenomatosos, a prevenção deve começar antes, por volta dos 40 anos.
A especialista alerta, no entanto, que a maioria desses tumores surge não por hereditariedade, mas por conta de alguns hábitos de vida. “Sedentarismo, obesidade, ingestão excessiva de alimentos gordurosos e industrializados, consumo de álcool são alguns fatores que favorecem o surgimento do câncer colorretal.”
Também estão nessa lista alimentos defumados, muito consumo de carne vermelha e pouca ingestão de frutas, grãos e legumes. E, ainda o hábito do tabagismo.
“A prevenção de muitos tipos de câncer passa por esses pontos. Uma vida equilibrada e saudável, com prática diária de atividade física, se possível, são medidas que ajudam a evitar vários tipos de câncer”, pontua a médica.
Segurança em todas as etapas
A principal vantagem do novo centro de diagnósticos do Leforte é que o paciente tem assistência completa, desde o preparo do exame até sua alta, com todo conforto de um ambiente ambulatorial e a segurança que um hospital oferece.
O atendimento é similar ao de uma estrutura hospitalar, com quarto privativo no mesmo local onde será realizado o exame.
Pessoas acima dos 65 anos ou que apresentem algum problema de saúde podem realizar seus exames no Centro de Endoscopia do Hospital Leforte e recebem assistência especial nesse ambiente ambulatorial, sem necessidade de internação.
“Além de médicos especialistas, o Centro de Endoscopia Diagnóstica e Terapêutica do Grupo Leforte possui equipamentos de última geração, com alta tecnologia, capazes de identificar lesões adenomatosas ou já malignas minúsculas. Conta ainda com suporte de anestesistas e a retaguarda do Hospital Leforte”, explica a médica.
“Muitas pessoas deixam de fazer o exame com receio do preparo ou por medo, por consideraram a colonoscopia invasiva demais. Por isso esse apoio e orientação são muito importantes”, assinala.
O câncer colorretal, vale ressaltar, é o único capaz de ser tratado na fase pré-cancerosa. Ele nasce como um adenoma, que é um pólipo ainda benigno. Diferentemente do câncer de mama e de próstata, cujos exames, indicados anualmente, servem para identificar a doença no início, a colonoscopia visualiza e remove a lesão precocemente, na fase pré-cancerosa. Se erradicada, evita o surgimento do câncer.
“Tirando o pólipo, diminuímos a incidência de câncer”, afirma a especialista.
Existem outros exames para detectar o câncer colorretal, como a verificação de sangue oculto nas fezes e a retossigmoidoscopia, que é menos invasivo. No entanto, nenhum é tão completo e eficiente como a colonoscopia, pois, além de identificar todos os pólipos, consegue eliminar as lesões.
“Nenhum exame de prevenção é capaz de permitir um tempo tão prolongado entre um procedimento e outro como a colonoscopia”, afirma a médica Adriana. Em instituições com controle rigoroso dos indicadores de qualidade, tanto pela seleção dos profissionais como dos equipamentos endoscópicos e preparo intestinal, é possível que a colonoscopia preventiva seja realizada a cada dez anos, desde que o primeiro exame seja normal e que o indivíduo não tenha antecedentes familiares de câncer de intestino.
De qualquer forma, de acordo com Adriana Costa Genzini, qualquer exame é melhor do que nenhum para a prevenção do câncer colorretal.
A periodicidade com que o paciente deve repetir a colonoscopia ou outros exames dependerá dos achados do exame realizado, a qualidade desse exame e de sua história genética.
Tratamentos cirúrgicos e clínico
As abordagens para tratar o câncer colorretal dependem do estágio em que o tumor está quando diagnosticado. Se estiver no início, muitas vezes o paciente passa somente por cirurgia endoscópica, com remoção do câncer por técnicas conhecidas como polipectomia, musosectomia ou por dissecção endoscópica submucosa (ESD).
Especialista em cirurgia robótica do aparelho digestivo no Grupo Leforte, o médico Giuliano Noccioli Mendes afirma que essa é uma técnica que tem evoluído, com resultados cada vez melhores.
A cirurgia videolaparoscópica com robô tem sido a escolha de muitos pacientes. É uma técnica minimamente invasiva, com poucos cortes e movimentos precisos dos braços robóticos, o que garante perfeita visualização de pólipos e de sua eliminação.
“Precisamos orientar a população a procurar um médico para avaliar a necessidade ou não de fazer a colonoscopia ou outros exames diagnósticos. Cada vez mais estamos expostos a substâncias carcinogênicas, especialmente na alimentação”, diz.
“É urgente que haja uma educação nutricional, de forma ampla, para que as pessoas se alimentem com produtos os mais naturais possíveis. Essa é a prevenção primária. A secundária é rastrear as lesões precursoras, especialmente nas pessoas mais propensas a tê-las”.
Quando a lesão está avançada, a orientação é fazer a cirurgia e depois instituir a quimioterapia em seguida, diz o especialista.
No câncer de reto, preconiza-se o tratamento quimioterápico e radioterápico antes da cirurgia, para que a operação seja feita com mais tranquilidade.
Quando a doença apresenta metástase, Hezio explica que em geral são prescritos anticorpos monoclonais e drogas-alvo moleculares, para tratar os tumores.
“Os anticorpos monoclonais são proteínas que tendem a se ligar a outra proteína na célula tumoral, com a função de inibir seu crescimento ou induzir a sua morte celular”, esclarece o especialista. “São como mísseis teleguiados que procuram especificamente as células tumorais”. Eles são usados em associação com drogas quimioterápicas.
“Isso é o que temos de mais moderno atualmente em termos de terapias para quem apresenta metástase”, afirma. Muitos pacientes, segundo ele, têm se beneficiado com esses avanços.
O fundamental, porém, é investir na abordagem preventiva. Por isso o Março Azul Marinho.
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